A mostras da Água da Vida apreendida pela Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) serão enviadas hoje para análise laboratorial, mas o diretor técnico de medicamentos do órgão, João Peixoto, já confirmou que o próprio rótulo do produto indica que o conteúdo é apenas água dessalinizada. A água estava sendo vendida com a promessa de curar mais de 20 doenças, entre elas vários tipos de câncer e até síndrome de down, que na verdade é um acidente genético. Todo o produto foi apreendido na última segunda-feira, dia 15, quando também foi preso o ex prefeito de Cacimbas, Nilton de Almeida, que representava a empresa paulista no Nordeste.
Além disso, não foi identificado o número do lote nas embalagens e a data de validade estava escrita a mão em etiquetas de papel coladas no rótulo. João explica que todos os problemas que foram verificados previamente à operação foram confirmados durante a análise inicial do material apreendido, como a inexistência de registro junto ao Ministério da Saúde. Junto com a Polícia Civil, a Agevisa pretende acionar o Ministério Público Federal, já que o problema pode estar sendo registrado em outros Estados. Todo o material publicitário apreendido foi encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que foi acionada porque a empresa que engarrafa a água funciona há 12 anos em Catanduva, São Paulo. O órgão acredita que a empresa pode estar distribuindo o produto para outras regiões, a exemplo do que estava acontecendo na Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará, através de Nilton. “Para desarticular esta ação, é preciso trabalhar em parceria com Anvisa e Agevisa de São Paulo, mas acredito que na próxima segunda-feira, dia 22, já teremos uma posição sobre o andamento nacional desta história”, acredita João Peixoto. Ele se mostrou espantado ao perceber que não há registros na Anvisa sobre o problema, já que a empresa está agindo há tanto tempo, mas acredita que com a articulação que começou na Paraíba, o caso poderá ser resolvido.
O delegado Magno Toledo, responsável pelo caso, explicou que o inquérito está quase concluído, dependendo apenas do atendimento à carta precatória que está sendo enviada para São Paulo, pedindo que a polícia de lá tome o depoimento do proprietário da empresa, Britivaldo Souza Santana. “Estamos dependendo disso e por isso não temos previsão de quando concluímos nosso trabalho”, disse.
A água era vendida em garrafões de 5, 10 e 20 litros, aos preços de R$ 52,50, R$ 100 e R$ 180, respectivamente e a forma de tomar começava com um copo de 250 ml por dia na primeira semana, aumentando progressivamente até chegar a seis copos por dia na sexta semana. A partir daí, a pessoa precisa manter esta quantidade ou aumentar de acordo com o tratamento que interessar. Isto significa que uma pessoa consome um garrafão de 20 litros a cada 13 dias, em média, contabilizando uma despesa de R$ 360 por mês para “nunca mais adoecer, nem comprar remédio, nem envelhecer”, como garantia Nilton a seus clientes.
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