quinta-feira, 17 de agosto de 2006

SERRA PRECONCEITUOSO

Não pegou bem o posicionamento do candidato ao Governo do Estado de São Paulo pelo PSDB, José Serra, sobre as dificuldades enfrentadas pelos estundantes de São Paulos nos Exames de Avaliação da Educação. Ele saiu com uma justificativa meio preconceituosa. Confira a postagem do Blog do Josias (http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/).
O tucanato se esbaldou com os deslizes de Lula na entrevista ao Jornal Nacional. O presidente disse que a única coisa que está caindo no Brasil são os salários. Afirmou que combateu a ética. Coisas assim. Mas nenhum dos deslizes de Lula se compara à derrapagem de José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo, na entrevista que concedeu nesta quarta-feira ao SP/TV, da Globo (leia a íntegra e assista ao vídeo).

Serra foi questionado sobre o mau desempenho de São Paulo em avaliações nacionais de ensino feitas pelo Ministério da Educação. Respondeu o seguinte: "Diferentemente dos Estados do Sul (que ocupam as primeiras colocados na avaliação), São Paulo tem muita migração. Muita gente que continua chegando... Este é um problema."

A migração que incha o Estado é, como se sabe, majoritariamente de nordestinos. Ou seja, para Serra, o problema da má qualidade da educação em São Paulo é o Nordeste. Além de preconceituosa, a avaliação é equivocada. Um nordestino não é mais burro do que um paulista. Só é mais pobre. E para crianças pobres o que São Paulo oferece são escolas públicas indigentes. Um problema que não vai ser resolvido apenas colocando dois professores em cada sala de aula, como prometeu Serra na entrevista.

A avaliação “Prova Brasil”, feita pela pasta da Educação no final de 2005, mostrou que a 4ª série da rede de ensino da Prefeitura de São Paulo, gerida até bem pouco por Serra e, antes dele pela petista Marta Suplicy, está entre as sete piores do país em comparação com a das outras capitais. Com média 160,42 em português e 166,86 em matemática, os alunos das escolas municipais de São Paulo não lograram atingir a metade dos pontos possíveis em cada prova (350). Desnecessário mencionar que o PSDB governou Sãio Paulo por arrastados 12 anos.
Serra também foi espremido quanto à disposição de permanecer no Palácio dos Bandeirantes até o último dia de gestão caso venha a ser eleito. Candidato não-declarado à presidência da República, o tucano escorregou: "2010 está muito longe, nem você sabe onde você vai estar. Eu vou trabalhar bastante para corresponder à expectativa das pessoas".

O ex-prefeito parece ter aprendido com os próprios erros. Em 2004, na campanha pela prefeitura de São Paulo, comprometera-se a permanecer no cargo até o final. Deu a palavra por escrito, em sabatina realizada pela Folha.

Inquirido sobre a quebra da palavra empenhada, Serra saiu-se com essa: “Naquela época, eu disse totalmente a verdade do que eu pensava. O que houve de lá pra cá foi uma mudança nas circunstâncias". Em seguida, emendou: "O trabalho do Estado é crucial para a prefeitura. Eu achei que poderia ajudar muito mais a população tendo um prefeito parceiro, que é meu sucessor (Gilberto Kassab, do PFL)".

O comportamento de Serra, muito encontradiço entre os políticos, mostra que, nesse universo, a palavra sempre vale menos do que a conveniência. Depois de ter assinado o documento na sabatina da Folha, serra participou de um debate na TV Record. De novo, comprometeu-se a ficar na prefeitura até o encerramento do mandato. Clique
aqui para ouvir a declaração. Não é à toa que agora Serra foge dos debates.

PS: No final da tarde, Serra tentou
explicar-se. Toda declaração que precisa de muita explicação não é coisa que sirva a um candidato em busca de votos.

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