quarta-feira, 16 de agosto de 2006

MAIS UM ARTIGO SOBRE DOM FRAGOSO

Postamos agora texto sobre Dom Fragoso publicado na coluna de Rubens Nóbrega, do Jornal Correio da Paraíba (www.portalcorreio.com.br) de segunda-feira, 14. A coluna de Rubens Nóbrega é uma das mais lidas na Paraíba. Agradeço ao mesmo por ter enviado por e-mail para mim, já que não tínhamos conseguido pelo site do Jornal.
Dom Fragoso

Se eu fosse padre da Igreja Católica, encaminhava hoje mesmo ao Vaticano um requerimento pedindo a canonização de Dom Antônio Batista Fragoso.
Não instruiria o processo com informe algum sobre milagres, graças alcançadas ou coisa parecida, que a Igreja de Dom Fragoso nem ia por aí.
Mas diria aos encarregados do Papa que Dom Fragoso cometeu em vida o milagre de plantar e fazer frutificar consciência transformadora onde, antes, o que mais havia era resignação servil e alienada.
Dom Fragoso fez na Terra o que poucos fizeram, porque são poucos que como ele passaram adiante os verdadeiros fundamentos do cristianismo,
Diria, como diz o professor Luiz Gonzaga, que Dom Fragoso foi líder e era emblema de uma Igreja dos pobres, de uma Igreja viva, inspirada.
As provas de que Dom Fragoso era uma santa criatura humana podem ser obtidas no testemunho de milhares de (sobre)viventes do Sertão do Crateús.
Se quiserem algo mais elaborado, peguem as obras que o bispo escreveu, seus livros e artigos mais conhecidos, mais lidos e mais respeitados lá fora, do que aqui dentro.
Se os examinadores da Santa Madre ainda assim não se derem por satisfeitos, que avaliem, então, o que já disseram e escreveram sobre Dom Fragoso e a experiência da diocese que ele inaugurou no Sertão cearense.
Acho que no documento ao Vaticano vale a pena acrescer um apelo de todos os paraibanos que tiveram a chance de conhecer Dom Fragoso, conterrâneo que deve orgulhar os filhos deste solo.
Dom Fragoso é também motivo de orgulho para todos os seus contemporâneos, daqui e de todos os cantos, porque o mundo precisa de referência assim para continuar apostando na aventura humana neste universo.
Conheci Dom Fragoso graças ao meu amigo e professor Romero Antônio e ao seu colega Luiz, que me levaram para entrevistar o bispo na casa onde ele viveu nos últimos seis anos, no bairro do José Américo, nesta Capital.
Foi há quatro ou cinco meses. E nem sei precisar a data porque também não interessa datar um momento único da minha história neste ofício.
Já disse aqui, certa vez, que fiquei emocionado todo o tempo que durou aquela entrevista.
A gravação não prestou, a entrevista se frustrou para efeito de publicação, mas saí da modesta casinha de subúrbio carregando a certeza de que vivi um momento único por ter ficado frente a frente com um homem santo.
Pois foi este santo homem que morreu na madrugada do último sábado e, mais uma vez, passei batido. Só soube ontem, quando abri o i-meio e estava lá a notícia que Luiz mandou pra Romero.
Não pude sequer participar do velório na Igreja do Zé Américo. Nem deu tempo de ir à missa de corpo presente no Carmo.
Meu propósito era estar presente para também pedir perdão por ter tomado o tempo dele com uma entrevista que um gravador mixuruca botou a perder.
Faria isso, mesmo ele não se importando um tico com essas besteiras, mesmo sabendo que ele nem gostava de aparecer nem fazia por onde, pois e mesmo assim foi conhecido e admirado em todo o mundo.

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