NOTA DO PROFESSOR CLAUDEANIO BRASIL DIVULGADA NA RÁDIO TEIXEIRA FM

Nota

O professor da rede municipal de ensino, Claudeanio Gomes Brasil, vem a público externar seu descontentamento com os trabalhos da Secretaria Municipal de Educação de Teixeira. Para isso, serve-se desta emissora para tornar público o descaso com o gerenciamento da Educação dos filhos teixeirenses. A nossa educação vem sendo vítima nos últimos tempos de uma administração incompetente e sem compromisso com o futuro de nossa gente. Há uma constante falta de merenda para os alunos; há salas de aula no José Elias sem bureau, sem ventiladores; banheiro com caixa d’água quebrada; mimeógrafo de péssima qualidade; não há livros didáticos suficientes para todos os estudantes e nem para todos os professores, apagadores velhos, todos os alunos da escola bebem água nos mesmos copos, há alunos solicitando transferência para outras escolas, outros desistindo de estudar, o índice de matrícula é insatisfatório e há crianças fora da escola.

A lista dos desmandos administrativos é tão extensa que nos causa desconforto ter de conviver com estes fatos diariamente. Professores mal remunerados, suspeitas de funcionários fantasmas, as promessas do Secretário de Educação que entregaria fardamento e material escolar aos alunos não foram cumpridas, não há transparência pública no emprego dos recursos da Educação, a verba é gasta sem a população saber o valor e em quê é gasto tanto dinheiro. Os professores tiveram em 2005 um rateio vergonhoso de apenas R$ 136,00, enquanto que se fala que houve cidade que pagou até 2 mil reais.

No ano passado, tivemos um show de falta de engenhosidade na condução dos trabalhos da Secretaria de Educação. Vale lembrar aqui o desastre que foi a tentativa de se implantar o Ensino Médio na escola José Elias, causando constrangimento aos alunos que quase perdem o ano letivo; a colocação de empecilhos para pagar o triênio, a gratificação por titulação aos professores que têm especialização e dos professores que concluíram o curso superior pela UVA; o atraso nas reformas das escolas pelo Programa do Governo Lula “Escola Ideal” (projeto este conquistado pela gestão anterior); os alunos não tiveram aulas de computação durante todo o ano de 2005 e metade de 2006; e a péssima capacitação para os professores durante a Semana Pedagógica. Lamentam-se, ainda, as denúncias vergonhosas e perseguidoras do concurso público de 2002 ao Tribunal de Contas, nas quais consta documento assinado pelo próprio Secretário de Educação. E qual o funcionário que não se lembra de que foi preciso constituir advogado para receber seus salários atrasados, enquanto outros da “panelinha” os receberam sem a intermediação da Justiça?

Já este ano, presencia-se a continuidade das mazelas. Em dois anos não aprenderam com os erros, e insistem lamentavelmente em abusar da benevolência e da passividade do teixeirense. Vejamos: atraso no início das aulas e a oferta da merenda aos alunos se deu um mês após o início das aulas. Estudantes da zona rural, pela primeira vez na história, tiveram seus transportes escolares suspensos por falta de pagamento, fato que obrigou alguns a pagar do próprio bolso o transporte para assistir às aulas. Tentativa de dividir a disciplina Língua Portuguesa em três, contrariando as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ausência temporária de Secretário de Educação, na pasta, pois o mesmo desistiu e depois retornou ao cargo por motivos obscuros e não explicados à comunidade. As reformas incompletas de escolas pelo Programa Escola Ideal: a reforma da quadra do Silveira Dantas está paralisada, dificultando o trabalho dos professores de Educação Física. Na Escola dos Três Postes, não reformaram o piso, não trocaram os quadros-negros e nem as carteiras. No José Elias, há salas muito baixas e as telhas de brasilit, que causam câncer, não foram trocadas e o alunado não recebeu sequer uma borracha escolar.
O processo de elaboração do Plano Municipal de Educação e de Reformulação do Plano de Cargos, Carreira e Salários é lento e improdutivo. É muita propaganda e pouco resultado. Esse processo está esvaziado de propostas que interfiram de forma positiva na melhoria da qualidade de ensino. Sem falar dos equívocos cometidos em suas formas de produção. Solicitam aos professores a apresentação de propostas, mas depois lhe cortam a palavra. O processo deveria se dá de forma mais democrática e aberta às propostas de quem quer que seja. Seja lá de que partido for. Neste momento não interessa a ideologia partidária, o importante é se as propostas irão contribuir para a melhoria da educação municipal. Isso sim interessa. Sem desculpas esfarrapadas, frutos do capricho dos interesses próprios ou de seu grupo político.

Sendo assim, é preciso ter mais humildade para aceitar as propostas. É preciso entender também o sentido da palavra “proposta”, para não cometer o equívoco de falar em imposição. Durante a Conferência Municipal de Educação realizada nesse final de semana a própria Secretaria não se deu ao trabalho de apresentar sequer uma proposta para o plano de cargos, carreira e salários dos professores. O Secretário ao ser questionado sobre suas propostas, respondeu-me com agressividade e fez-me acusações levianas. Na oportunidade, foi gasto muito tempo com delongas e enrolações e faltou empenho em mostrar aos participantes ações efetivas que nutrissem nos corações a ESPERANÇA, prometida outrora nos palanques. O mínimo que se esperava de quem passou quatro anos no Sindicato dos professores e há dois anos é Secretário de Educação era que apresentasse propostas para nós, professores, as debatermos. Usaram boa parte do tempo para reconhecer os erros cometidos por eles mesmos: excesso de funcionários na Secretaria de Educação, dívidas da prefeitura, acordos não respeitados, etc. Falaram apenas de dificuldades, de problemas, quando os professores estavam desejosos de ouvir as propostas que o Governo Mãe Rita tem para resolver os problemas existentes. É para resolver os problemas que o povo de Teixeira elege um governo. Não para aumentar os já existentes. Nós, professores, necessitamos ouvir o discurso da ESPERANÇA. O problema de excesso de funcionários na Secretaria, por exemplo, é responsabilidade exclusiva do Secretário que efetuou os contratos, inclusive a população gostaria de saber se sua esposa recebe da Educação, onde trabalha e qual é o seu expediente de trabalho.

Tratar a Educação com responsabilidade começa demonstrando honestidade e não fazendo da pasta um cabide de emprego. Sacrificando, dessa forma, os professores que já são, por natureza da profissão, sacrificados. Mas caso pretenda provar que tem competência para administrar, ainda há tempo. É bom que se pague os mais de 3 (três) meses de salários atrasados a funcionários contratados, aja com transparência no uso do dinheiro público, apresente propostas dignas de melhoria salarial e melhores condições de trabalho para os professores debaterem, e cumpram, por exemplo, as promessas feitas durante a campanha: ofereçam merenda escolar de qualidade, implantem o programa de assistência aos alunos e famílias de baixa renda com deficiência visual, comprem os instrumentos de percussão para formação de bandas marciais, desenvolvam as ações educacionais em parceria com o Sindicato dos trabalhadores em Educação, construam as salas de aula no bairro da Pedra do Galo e a efetivem os professores do quadro suplementar. Na gestão anterior, houve muitas críticas, porque Elenildo falava que os professores do quadro suplementar não podiam ser efetivados. Por isso foi tachado de perseguidor. Agora quem levantou no passado injúrias e calúnias confirma o que ele falava. Será que Elenildo estava certo o tempo todo?

Cumpram as promessas, entretanto, a Educação precisa de propostas mais sérias. Queremos que provem que sabem resolver problemas sem precisar “fugir da raia” com desculpas de doenças arranjadas para encobrir a falta de competência para administrar o município. Dizem que a Prefeitura de Teixeira é hoje uma “batata quente”, portanto quem a esquentou que trate de encontrar as formas para esfriá-la.

Gostaria que este Governo de Promessas aprendesse a ouvir as reclamações do povo. Pois, somos nós que sentimos na pele, dia-a-dia, as irresponsabilidades administrativas cometidas por vocês. Solicito, encarecidamente, que não tentem encobrir os erros, tachando as autênticas reclamações ao governo de politicagem. Essa desculpa não convence mais ninguém. É muita desgraça acontecendo no nosso município para ficar escondida entre quatro paredes. Na gestão passada, havia menos erros e existia até um tal de Zé Poeta que agora se calou. Desconfia-se até de que tenha recebido de presente uma Secretaria para calar a boca. O povo e a nossa Educação não podem ficar a mercê de pessoas que não têm propostas sérias para resolver os problemas. Apelo, por fim, ao povo que acorde, enquanto é possível se corrigirem alguns erros.

Teixeira, 13 de novembro de 2006.
Claudeanio Gomes Brasil
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